11.1.13

Holy shit


Denis Lavant sai de uma reunião de desenvolvimento de personagem com Leos Carax

Leos Carax saltou da tumba cinematográfica para onde a crítica internacional e o público o mandaram depois de Pola X, túrgido e funéreo dramalhão sobre uma relação incestuosa, para ser recebido em 2012 com salvas e cortejos nos festivais de todo o mundo. A razão para a redescoberta apoteótica de Carax é uma cagada em vários actos chamada Holy Motors, pretensa comédia grossamente vápida que caiu no goto dos críticos como um isco rechonchudo em boca de peixe. Se há algo em comum nos filmes de Carax é um profundo e permanente inchaço: de presunções, conotações e efeitismos. Enter Holy Motors, exercício alienado de auto-enamoramento que parece engendrado por um núcleo amador de artes performativas alojado nos recessos de Montmartre, circa 1987. Um bocado "à la" Toulouse Lautrec, um bocado "à la" Jacques Tati e um bocado bola de pêlo (e dito assim talvez pareça interessante). Na realidade, é chato que dói. Uma pessegada de galochas onde o parecer e o querer ser se sobrepõem com estridência ao que quer que seja: originalidade, humor, sensibilidade, subtileza... A etiqueta de "maldito" vai bem a Carax porque lhe vende a fruta, mas, ao fim de quase duas horas de tempo perdido, o que senti foi um grande caroço enfiado pela goela.

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