29.12.06

Per semprum Elvium



Directamente da Finlândia, Dr. Ammondt dá asas ao seu estremecimento artístico em Latim musicado. Encomendas online. Imperdível.

Um balanço



20 boas razões para ter ido ao cinema em 2006

Little Miss Sunshine, Jonathan Dayton e Valerie Faris
The Departed, de Martin Scorsese
The Queen, de Stephen Frears
L’ Enfant, de Luc e Jean-Pierre Dardenne
Le Temps qui Reste, de François Ozon
The Squid and the Whale, de Noah Baumbach
United 93, de Paul Greengrass
Murderball, de Henry Alex Rubin e Dana Adam Shapiro
Munich, de Steven Spielberg
Syriana, de Stephen Gaghan
Inside Man, de Spike Lee
Hard Candy, de Davis Slade
Good Night, and Good Luck, de George Clooney
Match Point, de Woody Allen
Play, de Alicia Scherson
An Inconvenient Truth, de Davis Guggenheim
The Chumscrubber, de Arie Posin
Happy Endings, de Don Roos
Brokeback Mountain, de Ang Lee
Capote, de Bennett Miller

10 boas razões para colocar seriamente em questão o “Arte” na 7ª

20,13, de Joaquim Leitão
Mary, de Abel Ferrara
Freedomland, de Joe Roth
The DaVinci Code, de Ron Howard
The Omen, de John Moore
Pirates of the Caribbean: Dead Man’s Chest, de Gore Verbinski
Aeon Flux, de Karyn Kasuma
Basic Instinct 2: Risk Addiction, de Michael Caton-Jones
American Dreamz, de Chris Weitz
Hostel, de Eli Roth

5 boas opções de takeaway

Running Scared, de Wayne Kramer
Underworld: Evolution, de Len Wiseman
Wolf Creek, de Greg McLean
Le Petit Lieutenant, de Xavier Beauvois
Grizzly Man, de Werner Herzog

Preparados para 2007?

... ainda aqui

Every day I write the list
Of reasons why I still believe they do exist
(a thousand beautiful things)
And even though it's hard to see
The glass is full and not half empty
(a thousand beautiful things)
So... light me up like the sun
To cool down with your rain
I never want to close my eyes again
Never close my eyes
Never close my eyes

I thank you for the air to breathe
The heart to beat
The eyes to see again
(a thousand beautiful things)
And all the things that's been and done
The battle's won
The good and bad in everyone
(this is mine to remember)
So ...
Here I go again
Singin' by your window
Pickin' up the pieces of what's left to find

The world was meant for you and me
To figure out our destiny
(a thousand beautiful things)
To live
To die
To breathe
To sleep
To try to make your life complete
(yes yes)
So ...
Light me up like the sun
To cool down with your rain
I never want to close my eyes again
Never close my eyes
never close my eyes ...
That is everything I have to say
(that's all I have to say)


"A 1000 Beautiful Things", Annie Lennox

Dia a dia

Não foram caminhos à toa, nem serão esquecidos os dias que demorámos a percorrê-los. Lembra-te do que ouviste nos "momentos de graça", nunca quis contradizer-me. Nada disto é propositado, não houve intenções programadas. Vais acreditar apenas naquilo em que decidires acreditar, que posso eu fazer… Independentemente de tudo, sei que vais salvar o que importou. Que importa. Sei?



Morning Sun
, Edward Hopper (1952)

A propos



"REVIEW SUMMARY

Virtually a two-hander clocking in at less than 90 minutes, Brad Silberling’s '10 Items or Less' is a lovely antidote to the bloated, self-important movies that tend to dominate the season. This is a picture with nothing to prove, and not all that much to say, but its modesty and good humor make it hard to resist. Morgan Freeman, who is also the executive producer, plays a kind of parallel-universe version of himself. His character, who is never named, is a famous actor who hasn’t worked in a while. This actor seems somewhat adrift but not bitter or depressed. He thrives on attention and loves to observe human behavior. The obligation to do so is what brings him to a shabby supermarket far from his home in Brentwood, Calif. His next role will involve playing a store manager — or something like that; it isn’t entirely clear — and he hangs around to do research. And there he meets Scarlet (Paz Vega), who channels her frustration into her work at the express checkout line." — A. O. Scott, The New York Times

Movies All NYT
Friday, December 29, 2006

Fiz-me ao caminho

Foi-me colocado o desafio por um amigo. Não te conhecia mas estava relativamente familiarizado com o teu trabalho. “Desafio”, entenda-se, para quem encara a realidade de forma irremediavelmente solipsista. Este foi um acto isolado, até à data. Muni-me de ânimo leve para ser conduzido (ou conduzir-me?) a quebrar os moldes de um quotidiano céptico e escrupulosamente controlado. Poderia, quando muito, entrar nalgum tipo de manipulação jovial... Em vez disso, deparei-me com um observador algo críptico mas muito determinado. Percebi que o percurso que nos propúnhamos não se iria pautar pela previsibilidade e que qualquer ideia feita cairia por terra. De repente ali estava eu, cavaleiro teutónico apeado, sem arma de recurso. Expus-me despropositadamente, investi na sinceridade (talvez contra ela, em determinados momentos), calibrei os meus gestos à medida do que achava ser conveniente, sem nunca encontrar o tom certo. Não porque os momentos fossem átonos. Pelo contrário, estava eu a falar alto demais, a pensar alto demais, a agir alto demais. Só tarde percebi que não se tratava de um passeio peripatético. Encontrava-me já demasiado encorreado para admitir que, no meu caso, se tratava de silêncio e de aceitação. Tratava-se de perceber que o auto-controlo é proporcional às expectativas que construímos. O domínio sobre a nossa percepção dos outros e dos espaços que nos rodeiam é um desígnio inútil. Foi uma experiência interessante e dolorosa de descentração. Até pelos locais escolhidos ou encontrados – pontos cardinais (mas até então afastados) da minha vivência feliz em Lisboa. Disso, porém, só me apercebi mais tarde. Na altura só via reflexos intransigentes das minhas inquietações, destacados dos cenários. Senti frio mas agradeço teres puxado o edredon. O frio desperta.

10.12.06

Vou ali buscar o meu Das Kapital



Tantas e tantas vezes que me diverti a ler os Schtroumpfs (agora, em versão globalizada, os Smurfs)... Quem diria que estava a ser alvo da mais pérfida lavagem cerebral.

7.12.06

Fez-se luz


Com uma profundidade de pensamento notável (a síntese é o mais difícil de obter, já se sabe) e uma admirável contenção de meios, a McCann-Erickson Bélgica criou este cartão de Natal para a unidade de prematuros do Hospital Edith Cavell. Uma mensagem enviada em meados de Outubro a outros departamentos e a ex-pacientes. Se a estratégia é do Hospital ou da agência não sabemos, mas ganham os dois e a McCann alcança um posicionamento estratégico de muito respeito. É um daqueles anúncios que quase nos faz voltar a acreditar na publicidade.

Arte didáctica




Embora a Arte Moderna, em conceito e em execução, nem sempre seja fácil de digerir, há formas de iniciação criativas e interactivas para os miúdos que tiverem pais atentos e interessados. Não só para os miúdos, de resto. Exemplo prático: esta extensão do site do MoMA.

5.12.06

Zé Manel devoto



Na minha modesta opinião, deveríamos troçar apenas daquilo que conhecemos bem.

Galaró em brasa



A companhia terá origem portuguesa, estabeleceu-se na África do Sul e expandiu-se para a Grã-Bretanha. A campanha é assinada pela Percept Gulf e o site da Nando's (também) vale a pena espreitar. Antes de Borat esta cadeia gizou o estereótipo de um país com bigodaças fartas, sotaque fantasioso e fanfarra exótica (se carregarem no botão "Portuguese Cricket Forever" ou nos spots de rádio perceberão porquê) que pouco - arriscarei: nada - tem a ver com a realidade. Mas, tal como no caso de Sacha Baron Cohen, serve para vender o peixe, neste caso, os franguitos. É sempre alentador vermo-nos reduzidos ao mínimo denominador comum saloio - algures entre o Yeti e o Speedy Gonzalez - aos olhos dos ocidentais. Hum, pera lá. Nós também som...

Isto & Aquilo





Se não conhecem o site de Sia Furler é uma pena. Se não conhecem a música dela mais triste é. Podem fazer as duas coisas simultaneamente clicando no link acima. Se a voz vos soa familiar, pode ser daqui.


Colour the Small One, Sia (2004)

Go, Pene!


Na mesma altura em que a Sony Pictures Classics posiciona Penélope Cruz na corrida aos Oscars, Pedro Almodóvar anuncia à imprensa espanhola que a actriz fará parte do elenco do seu próximo projecto. De acordo com o realizador manchego, La Pel Que Habito será uma história de vingança, negra e dura, distinta de todos os filmes anteriores e alheia ao seu universo familiar. A quem perdeu os seus desempenhos em Jamón Jamón, La Niña de Tus Ojos e Non Ti Muovere e acha que Cruz nasceu para o mundo em Volver, aconselha-se uma rápida revisitação da sua filmografia (em língua não-inglesa, é certo, embora ache que ela se safa bem em Gothika e em Blow).

4.12.06

Media Vaca



Sigam a história aqui.

Olha que simpáticos




“Uma Família à Beira de um Ataque de Nervos” (Little Miss Sunshine) é um dos poucos filmes encantadores de 2006. O facto de ter sido um sleeper – êxito surpresa – nas bilheteiras norte-americanas ajudou-o a alcançar uma audiência mundial e a aceitação crítica projectou-o para a ribalta dos prémios. Estamos em período de angariação de votos e bem sei que celebrações como os Globos de Ouro e os Oscars são autênticas feiras, e não apenas das vaidades... Porém, foi com alguma surpresa que descobri, algures na net, este simpático presente que a Fox Searchlight está a enviar aos membros da Academia. Poderá ter o seu charme, mas, na minha opinião, Little Miss Sunshine em versão Toys-“R”-Us quebra a mística da coisa.

30.11.06

Maria pelo Natal

The water up there



No âmbito de uma campanha para incentivar a poupança, a agência Sukle desenvolveu estes suportes para a Denver Water. Nice.

Arisca, a autêntica

Frémito galináceo



Eis o que acontece quando nos armamos em comentadores de blogs de publicidade: picardias absolutamente desnecessárias. Mas pelo menos alguém está a prestar atenção. Eu respondo pelo nome de Arisca e o “interlocutor” pelo nick de Drunk Dave.

Submitted by Arisca on Wed, 2006-11-15 22:47

Enough of these PETA maniacs already! Yeah, let's all turn vegans and eat boiled roots, avoid animal proteins and embrace subnutrition 'cause the chicks must populate the earth. If you're a 12 year old girl you may find it pertinent. Lame.


reply
Submitted by drunk dave on Fri, 2006-11-17 18:12.

You are a moron. It's hard to be a vegetarian, which I'm not, but the message not to eat meat is very pertinent, and if you've ever been to a slaughter house or chicken farm, you'd think twice. And the less meat we eat the more we save the planet.
So maybe it's a very important message they have to say, that said, this ad 'aint gonna change perceptions 'cos it's just not strong enough. Sorry. Start again.

reply
new
Submitted by Arisca on Thu, 2006-11-30 21:53.

Well, Dave, here's why people like you should join PETA. Would advise you to watch An Inconvenient Truth and then pontificate about saving the planet. By the way... I do avoid meet.


Submitted by drunk dave on Fri, 2006-12-01 01:08.

Point taken. And I'd never join any extreme organisation, but they have the right to advertise, even if you disagree.

reply
new
Submitted by Arisca on Fri, 2006-12-01 03:38.

I admit it was an outburst and of course they have the right. Businesswise, agreed, it just isn't strong enough.


Campanha: PETA, FCB Portugal

Forum Crisalide






Com um design arrojado e uma execução exemplar, esta campanha da JWT Itália para a Forum Crisalide, a Associação Italo-Suíça envolvida no combate à anorexia e à bulimia, parece ir buscar inspiração tanto a Joel-Peter Witkin quanto aos filmes da série Saw. Não me parece, porém, que seja o tipo de imaginário que influa no target: raparigas que tendem a ficar enredadas nas malhas ditatoriais da TV e dos anúncios de moda. Criatividade entrópica?

28.11.06

Coimbra PB



Av. Sá da Bandeira. 1979 e o desenvolvimento que se avizinhava.

A meu ver




Um anúncio redondo. Como (quase) todos deveriam ser.

A Publicidade em Tempos de Cólera XI






Campanha: Boardersinn Extreme Shops

A Publicidade em Tempos de Cólera X




Campanha: Pony Luvbird

A Publicidade em Tempos de Cólera IX





Campanha: FLIRT Vodka: "Are You Ready for Tonight?"

A Publicidade em Tempos de Cólera VIII




Campanha: Renault Twingo

A Publicidade em Tempos de Cólera VII




Campanha: Dan Rather Reports, HD Net

A Publicidade em Tempos de Cólera VI






Campanha: Pain Without Borders

27.11.06

A Publicidade em Tempos de Cólera V




Campanha: C'est So Paris - The Parisian Attitude

A Publicidade em Tempos de Cólera IV




Campanha: Heineken Beer

A Publicidade em Tempos de Cólera III




Campanha: Sundek: Deadly Attractive

A Publicidade em Tempos de Cólera II




Campanha: Arena Squalo

A Publicidade em Tempos de Cólera I



Não irei seguramente começar a pronunciar-me acerca dos limites da publicidade nem perorar sobre a validade conceptual das propostas que irão desfilar, mas por razões estritamente estéticas (e tudo o que isso compreende), decidi inaugurar um espaço que privilegia aquilo que considero má publicidade com uma boa – excelente, até – execução. Depois de uma recente troca de impressões sobre o que pode ou não ser de mau-gosto, de acordo com critérios menos universais, partilho aquilo que as marcas ou entidades estão dispostas a mostrar para veicular a mensagem - em última análise, vender. Analisar o contexto criativo e o objectivo / manipulação na criação de atitudes e comportamentos de consumo (proporcionar experiências de que tipo? Aspiracional? Ilustrativo? Subliminar? Choque pelo choque?) seriam premissas interessantes para um debate, envolvendo uma pluralidade de opiniões.
No exemplo presente, é legítimo pedir maior refreio e menos apelo a reacções meramente emocionais? Este debate não terá lugar aqui, mas fica a intenção – e, no mínimo, informação residual para comentar à hora do café. Enjoy.

Campanha: Watch Around Water, Austrália

20.11.06

202

Podem tirar o indivíduo do mundo mau mas não podem tirar o mundo mau do indivíduo


Enviada: quinta-feira, 16 de Novembro de 2006 16:58

Bom… Eu não me deixo impressionar facilmente, muito menos por estratégias publicitárias e também não acredito que haja tantos iconoclastas assim a gostar deste anúncio. Nem sei se é popular (ainda não, pelo menos) ou se terá resultados efectivos. De qualquer modo, para mim é uma vitória quando a publicidade supera os seus limites intrinsecamente untuosos e consegue ser incómoda e transgressora, defendendo um conceito sem concessões e acartando com as devidas consequências: seja a aceitação plena por parte de meia dúzia de loucos ou a rejeição total pela generalidade do público. Mais feliz ainda se consegue, com o seu tom ‘sujo’ e ‘grosseiro’, tornar o produto apetitoso por uma via (quase) só conceptual. É tonto, o humor é absurdo, mas é eficaz. Bottom line, o facto de estarmos a falar dela (com)prova que é eficaz. A VW faz anúncios lindíssimos com uma execução brilhante, ideias base muito bem definidas e copys exemplarmente sintéticos. Mas não me dá vontade de falar deles.

Enfim, as opiniões são como as cerejas (ou como as vaginas?) e é sempre bom partilhá-las. As cerejas!

http://adsoftheworld.com/media/tv/masterly_ham_schilder
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Enviada: quinta-feira, 16 de Novembro de 2006 16:28

Num tom + sério. Acho que é a velha questão do anúncio inteligente/engraçado ou do anúncio eficaz. Se a coisa se resume a vender fiambre às massas, duvido da eficácia deste anuncio (quem sou eu para dizer tal coisa, mas…).

Se for para vender fiambre a um nicho de mercado (que não o grosso da classe média conservadora “não me chateiem dêem-me coisas agradáveis que não me façam pensar” em que me incluo), talvez seja eficaz.

Se for para impressionar uns quantos pares do meio da publicidade e áreas criativas afins a coisa já funciona.

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Enviada: quinta-feira, 16 de Novembro de 2006 15:53

Há dez anos atrás, quando tinha a idade do puto do anúncio, teria achado do caraças. Hoje continuo a achar que coisas destas (note-se que são 4 anúncios com situações muito diferentes – depois envio os outros) são das muito poucas que subvertem as boas-maneiras hipócritas e enfadonhas dos anunciantes de bancos sabujos que espetam com trombas de wannabes em mupis a criar ruído no meu quotidiano. Pode não ter nada a ver com o fiambre, mas quem aprovou esta campanha muito provavelmente tem filhos e/ou sobrinhos, ouve Magnetic Fields, é divorciado, foi gozado na escola, gosta de humor britânico e do stream da velhinha a dar um chuto na criança que correu a net E… nem gosta de fiambre. Não gosto do politicamente incorrecto da questão. Gosto de não haver questão em ser incorrecto. E, concordo, essa paneleiragem devia ser toda executada, de preferência enforcada em gravatas cor-de-rosa. Tenho dito.

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Enviada: quinta-feira, 16 de Novembro de 2006 15:23

Há dez anos atrás (dentro da minha t-shirt do PSR) teria achado fantástico. Hoje na minha camisa às riscas e gravata cor de rosa acho deplorável. Primário. Grosseiro. Sem qualquer tipo de respeito pelos valores familiares. Esta gente, juntamente com médicos que praticam abortos, homossexuais, rappers, e afins deveriam ser queimados.

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Enviada: quinta-feira, 16 de Novembro de 2006 14:57

acho que a teoria do alex está certa. se fosses pai talvez não funcionasse mas como ainda tens esse humor mordaz a coisa funciona.

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On Nov 16, 2006, at 2:54 PM

Eu devo ser mesmo ruim, porque me deu vontade de comprar desta marca…

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Enviada: quinta-feira, 16 de Novembro de 2006 13:00

tadinho... que fiambre mauzão!

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On Nov 16, 2006, at 12:24 PM

Ora aqui está um belo case study. Acho que pode fucionar muito bem com malta sem filhos mas com pais… no way José!!!

Não é humor, é cerúleo


O Gato Fedorento faz-me lembrar um anúncio a uma bebida gaseificada que andou para aí a ilustrar a paisagem urbana apregoando virtudes duvidosas. Adaptado à medida destes jovens comediantes, daria qualquer coisa como: “Sem açúcar, sem calorias, sem corantes, sem conservantes, sem gordura, sem proteínas, sem vitaminas, sem sais minerais, sem sal, sem gás, sem sabor e, porque a malta é mesmo iconoclasta, sem conteúdo!”. A única coisa que sobra é lata. Bastante lata. Com a experiência adquirida, meios à disposição e uma base de fãs alargada à espera de material de qualidade, não seria este o momento para se aplicarem um pouco mais no mister e menos na venda de uma popularidade de fôlego curto? Mesmo considerando, como diz uma amiga minha, que “todos temos a prestação da casa para pagar”, ouçam, rapazes, se querem fazer realmente algo que mude a face do humor em Portugal, esforcem-se mais. Matt Lucas, David Walliams, Julia Davis, Catherine Tate, French & Saunders et ali nem sempre são geniais, mas também não passam a vida a ajeitar o casaco e a gravata, a coçar o nariz e a trocarem one liners baços e autocomplacentes perante uma plateia enlatada. Não nos tomem por tolos, porque o Gato apodrece antes de se justificar tanto hype.

2.11.06

Escrito a cor-de-rosa



Clara de Sousa revelou-nos que, apesar de muitos esforços da sua parte, nunca foi coitadinha. A jornalista, actualmente a atravessar um período complicado, afirma que os rumores não correspondem à verdade e que, apesar de não lhe agradar a situação presente, já consegue lidar com a triste realidade. “Foi-me muito difícil aceitar que nunca iria ser coitadinha e era horrível ler na imprensa que era uma coitadinha, mas isso nunca foi verdade”. A apresentadora do “Jornal da Noite” acrescenta que, embora tenha contado com o apoio dos amigos e da família, decidiu desistir de ser coitadinha e concentrar-se em atravessar estes momentos com a garra que a caracteriza. “Percebi que não ganhava nada em insistir e ouvia as pessoas a acusarem-me de ser coitadinha. Sofria muito com isso, pois era inteiramente falso”. Clara ainda manifesta a esperança de conseguir vir a sê-lo, mas tal dependerá de condições futuras que estão fora do seu controlo. “Espero conseguir”, diz, visivelmente emocionada, “mas tal dependerá de condições futuras que estão fora do meu controlo”. Clara desculpa-se, dizendo que é tarde e que está bem disposta, embora sabendo que o facto de não ser coitadinha pode prejudicar a sua imagem pública, como já prejudicou a sua vida pessoal. “Sei que muita culpa é minha, mas muita culpa não é minha, também”. E é com a garra que a caracteriza que a jornalista, apresentadora do “Jornal da Noite” da SIC, enfrenta estes difíceis momentos, certa de que, um dia, também ela será coitadinha.

Impasse criativo







Ou como custa ganhar o pão.

caGa lumE: não há cave que os aguente



Paco, Wander Rodrigues e Eliene Vicente fumam Gitanes espanhóis e bebericam absinto rosé na cave dos pais de Wander, onde deambulam nocturnamente sobre a intensidade repugnante do apocalyptic-catarro e e o agror voluptuoso dos riffs menstruais de Eliene, evocando o fedor raro e grandioso das tertúlias no Verme Parasita , o bar de todos os encontros, onde escutavam e absorviam o antagonismo controlado de Ol’ Wanna Manna Humbie Shaka Master, príncipe do coaltoasted-bicostal-rudeawakening ska, e a rítmica belamente ábsona dos Status Quo. Na altura não havia o MySpace e os três conheceram-se e partilharam o sémen criamoso através de uma mailing list da Rádio Rexenxão, que emitia a partir de uma cabine montada no WC feminino do liceu que todos frequentavam. Wander Rodrigues ainda não terminou o 11º ano, mas a rigidez das Técnicas de Tradução de Francês têm-no impedido de progredir. Além disso, desempenha funções de programador cultural no Verme Parasita, trabalho que classifica como “um shot de genebra com parafinina e pimenta branca, que limpa a tripa, solta os fluidos criativos e deixa a alma manca”. Paco dava-se a conhecer como “Jobi36”, numa alusão explícita ao líder dos Bon Jovi, banda que hoje renega mas que considerou importante nos seus anos formativos, sobretudo nas aulas de ukelele. Acontecia assim a primeira troca de conceitos e formulações em volta do potrock que mais tarde haveria de marcar o percurso do caGa lumE – assim mesmo, com o “g” e o “e” maiúsculos, em homenagem à marca do desumidificador na cave, que diminui o agressivo mas reconfortante cheiro a mofo. Eliene foi a primeira a gravar uns minutos de ensaio no dictafone do mp3 e a convertê-los para wma no PC, de onde saíram para uma pen Iomega de 128 mb, com a qualidade de som possível. Foi assim que versos envoltos numa neblina bravia de neue deutsche welle com a galhardia gostosa do nhac dan toc cai bien progressista chegaram aos nossos ouvidos:

"Tapa medi! Hée, hée!
Tu, vana, tuna tuna hée hée!
Vago vago vago! Ó,ó,ó!
Tuga uga puga, dá-nos fome! Hée, hée!
A nós, dá-nos sede! Ó, ó, ó!
Dá-nos, dá-nos danos! Hée, hée!
Nós morreremos! Ó, ó, ó!"

O caGa lumE veio para mostrar por que razão não ficou na cave. O próximo passo: um download gratuito no Sapo. Em breve, Paco, Walter e Eliene estarão num patamar condizente com o seu talento. Muito possivelmente, um rés-do-chão.


P.S. Obrigado ao Y e a Mário Lopes por inesgotáveis momentos de inspiração.

30.10.06

Zoo TV


Até quando nos vai o nepotismo mediático submeter ao horror de contemplar a Manuela Moura Guedes? Muito bem. A pobre não terá culpa de ter sido vítima da miopia do seu cirurgião plástico. Nós também não. Não temos culpa dos talhos e retalhos, inchaços e desinchaços que transformaram aquela bocarrona gulosa numa carantonha de pavor. Não se sabe se foi para desviar a atenção das dimensões despropositadas das suas interpelações, se para evitar que o público se ativesse a pormenores de somenos – inexistência de bom-senso, de fundamentação sólida, de coerência –, se pressões inelutáveis a levaram a retardar a marcha do tempo… Certo é que a boa e velha Manela não só tem agora a aparência de uma alcachofra gelificada – num corpo muito respeitável, reconheça-se – mas, pior, muito pior, continua a ser a mesma chanfradona incontrolável de outrora. Uma vedeta sem causa que ganhou protagonismo graças à mente enferma do mercenário mor do audiovisual português. Antes disso, enquanto aguardava na sombra do marido, o mamute dos noticiários nocturnos anunciava o Persil e, pelos vistos, andava a snifar a coisa, a ver pelas entrevistas que concedeu na época. Deprimida ou não, com rosas ou com cardos, com bisturi ou sem bisturi, por favor, já chega. Não impinjam ao povo a Manela, caracterizada como uma empanada expressionista, a mostrar as cuecas num vestido de prom queen. Muito menos enquanto entoa, com um solfejo soturno, melodias do André Sardet. Tanto constrangimento pode causar úlceras.

À procura de Ed


Há já algum tempo que não vemos Edward Norton num papel à altura do seu talento. Há já algum tempo, aliás, que não vemos Ed Norton em lugar nenhum. Se ninguém deu por ele em “Reino dos Céus”, de Ridley Scott, é normal. Desde logo porque quase ninguém deu pelo filme, protagonizado pelo protozoário Orlando Bloom, mas, para quem viu, o papel de Rei Balduíno IV (o Leproso) obrigou-o a usar uma máscara permanente e a alterar substancialmente o tom de voz e a elocução. A sua interpretação (assim como a de Eva Green, que encarna a sua irmã Sibila) foi largamente cortada na versão que estreou nos cinemas. No director’s cut de 195 minutos é agora possível avaliar a intensidade e a dimensão trágica das interpretações de Norton e Green e ver o filme sob uma nova luz. Ed Norton continua a ser, aos 37 anos, uma das grandes esperanças do cinema americano, mas tem preferido adiar o papel de estrela para investir na integridade artística – o que significa, muitas vezes, entrar em conflito aberto com realizadores e produtores, reescrever guiões e retirar o seu nome dos créditos dos filmes (guia prático: “Golpe em Itália”, “América Proibida” e “Reino dos Céus”). Em 2006 regressa em três fitas: “O Ilusionista”, prestes a estrear entre nós, uma adaptação de O Véu Pintado, de W. Somerset Maugham, com Naomi Watts, e Down in the Valley, onde o seu desempenho de um homem mentalmente desequilibrado lhe tem valido os maiores elogios. Para muitos, porém, o seu melhor filme até à data é “A 25ª Hora”, drama que traz a assinatura de Spike Lee.
Lee referiu por diversas vezes que este é o filme da proclamação de amor a Nova Iorque, por entre as nuvens negras do pós-9/11, numa ode visceral à sua diversidade, às suas contradições e aos seus traumas. As personagens de “A 25ª Hora” carregam o peso da revolta, da confusão e da dor pelas ilusões perdidas. Figura emblemática: o Morty que Edward Norton interpreta com enorme garra – um homem inteligente que poderia ter uma carreira mas que tem, em vez disso, uma pena pendente de sete anos de cadeia por tráfico de droga. É aos últimos momentos de liberdade de Morty que assistimos, por entre cantos familiares da Big Apple, povoados de personagens disfuncionais: o pai (Brian Cox), os amigos Jacob (Philip Seymour Hoffman) e Slaughtery (Barry Pepper) e a namorada, Naturelle (Rosario Dawson), que o fazem sentir, de forma dolorosa, que a inocência é irrecuperável. Restam ambições inúteis e desfeitas e o afecto pelas coisas passadas. Num cenário de desolação moral, um drama duro e directo que não deixa ninguém indiferente.
Até ao nosso reencontro com Ed, um filme para rever e admirar a sua excelência.

We are fully prepared for any kind of offensive action


27.10.06

E a Terra tremeu


Se a contemplação do arrojo desta capa não for suficiente para vos convencer da importância das artes gráficas na manutenção de um certo equilíbrio tectónico, mais informações sobre esta arrasadora performer aqui.

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